As relações culturais entre Portugal e o Brasil no período que abrange, aproximadamente, os dois respetivos modernismos, já foram objeto de importantes estudos, como o de Arnaldo Saraiva. Coincidindo precisamente com o acme de suas respetivas literaturas no século XX, as relações culturais entre Portugal e Brasil passaram por uma fase decididamente crítica, embora não houvesse uma cisão nítida entre as duas literaturas. Os intelectuais brasileiros sentiram a necessidade de afirmar uma identidade nacional que também comportava uma rutura com a tradição cultural europeia, particularmente com a portuguesa. Ao mesmo tempo, os portugueses, em sua maioria, ignoravam os novos valores que estavam a surgir do outro lado do Atlântico. Nesse contexto problemático, não faltaram iniciativas culturais luso-brasileiras; mas só a partir dos anos Trinta verificou-se em Portugal uma renovada atenção para com a cultura brasileira e foram lançadas as bases para que os escritores brasileiros pudessem influenciar os seus colegas europeus. Isto deu-se também graças à atividade de algumas publicações culturais portuguesas, sobretudo a Descobrimento, a Revista de Portugal e, não última, a presença. A revista de Coimbra desenvolveu o seu interesse pela cultura brasileira só a partir de 1931, em boa parte devido à integração de Adolfo Casais Monteiro na direção, depois de quatro anos de surpreendente desinteresse. Nesta comunicação propõe-se não apenas analisar o espaço dedicado pela revista de Coimbra à cultura brasileira mas também examinar tempos, formas e objetivos desse renovado interesse e tentar compreender a receção da nova literatura brasileira no âmbito da crítica presencista.
A presença do Brasil na presença: análise de uma atenção renovada / Martines, Enrico. - In: BOLETIM. - ISSN 0874-1921. - II série:24-25(2018), pp. 37-49.
A presença do Brasil na presença: análise de uma atenção renovada
Enrico Martines
2018-01-01
Abstract
As relações culturais entre Portugal e o Brasil no período que abrange, aproximadamente, os dois respetivos modernismos, já foram objeto de importantes estudos, como o de Arnaldo Saraiva. Coincidindo precisamente com o acme de suas respetivas literaturas no século XX, as relações culturais entre Portugal e Brasil passaram por uma fase decididamente crítica, embora não houvesse uma cisão nítida entre as duas literaturas. Os intelectuais brasileiros sentiram a necessidade de afirmar uma identidade nacional que também comportava uma rutura com a tradição cultural europeia, particularmente com a portuguesa. Ao mesmo tempo, os portugueses, em sua maioria, ignoravam os novos valores que estavam a surgir do outro lado do Atlântico. Nesse contexto problemático, não faltaram iniciativas culturais luso-brasileiras; mas só a partir dos anos Trinta verificou-se em Portugal uma renovada atenção para com a cultura brasileira e foram lançadas as bases para que os escritores brasileiros pudessem influenciar os seus colegas europeus. Isto deu-se também graças à atividade de algumas publicações culturais portuguesas, sobretudo a Descobrimento, a Revista de Portugal e, não última, a presença. A revista de Coimbra desenvolveu o seu interesse pela cultura brasileira só a partir de 1931, em boa parte devido à integração de Adolfo Casais Monteiro na direção, depois de quatro anos de surpreendente desinteresse. Nesta comunicação propõe-se não apenas analisar o espaço dedicado pela revista de Coimbra à cultura brasileira mas também examinar tempos, formas e objetivos desse renovado interesse e tentar compreender a receção da nova literatura brasileira no âmbito da crítica presencista.I documenti in IRIS sono protetti da copyright e tutti i diritti sono riservati, salvo diversa indicazione.